26 de setembro de 2009

Ventos Cortantes

Ventos Cortantes

Reza a lenda que todos têm um dia de sorte. Um dia em que, teoricamente, as forças do universo conspiram a nosso favor. Talvez seja uma questão de lógica ou apenas mais uma lenda urbana; Tudo depende unicamente do modo como você enxerga a vida.

Para ele, os dias de sorte não existiam. Ele acreditava que sorte e azar são conceitos vagos, sem pé nem cabeça. Foram um modo que o homem encontrou de justificar seus fracassos e agradecer suas conquistas ao acaso. Mas para ele o acaso não existia. Era como se tudo fosse predestinado a acontecer daquela forma.

O sucesso para ele deveria ser conquistado com dedicação e trabalho duro. Por toda a sua sofrida vida carregou o peso da derrota em suas costas. Hoje sem mais forças para lutar ele se senta na varanda e observa as folhas sendo carregadas pelo vento. Lentamente ele vê sua vida passando rápido de mais para que possa acompanhá-la.

Nunca terá um único dia de sorte sequer. Tudo que conquistará era fruto dos dias e noites em que acordou exausto, dos raios de sol quentes e o vento cortante que agredia sua pele flácida.

Quantas noites não passou em claro na esperança de que o amanhã seria melhor do que o dia anterior? Mais o amanhã nunca chegará.

Agora sua estrada chegará ao fim. Ele sabia que não tinha muito tempo de vida. Nesse dia ele não saiu ao sol. Nesse dia, ele não carregou seus erros e magos nas costas. Apenas naquele dia ele encontrou, finalmente, a paz.

André Torres

0 comentários: